Boas ideias na cabeça e um celular nas mãos
Apesar da polêmica do uso do celular em sala de aula, várias experiências educativas com o telefone móvel vêm sendo realizadas no Brasil com escolas e grupos de jovens a partir de parcerias com iniciativas privadas. Uma delas é o Ensino_Arte_Rede, um programa de ensino de arte a distância para alunos da rede pública do Rio de Janeiro, integrantes do Projeto Tonomundo (do Oi Futuro - Instituto de Responsabilidade Social da Oi). Eles participam de um trabalho colaborativo e participativo entre o Núcleo de Arte e Tecnologia da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (NAT_EAV) e um artista convidado, tendo como foco central o uso de novas tecnologias de comunicação. Em 2007, a ação foi desenvolvida pelo artista plástico Luiz Alphonsus de Guimaraens com estudantes da E.M. Roberto Weguelin de Abreu e da E.M.Professora Olga Teixeira de Oliveira, ambas na região do Grande Rio. A ideia deu luz ao projeto piloto Encontro em um Ponto, no qual os alunos foram incentivados a registrar com o celular o trajeto que percorriam da escola até o Parque Lage. Todo esse registro foi fotografado, filmado e publicado na Internet na forma de um mapa com os percursos e a vivência de cada participante.
Com o mote "lugar de aprender a fazer arte com o celular é na escola", o projeto MVMOB – Minha Vida Mobile, patrocinado pela Vivo, aposta nos conceitos de construção interativa do conhecimento, inclusão criativa e inovação no aprender. Por meio de um conjunto de ações culturais, busca estimular os jovens a se apropriarem das novas tecnologias e aguçar o interesse pela pesquisa e pelas capacidades de interpretação, síntese e criticidade. Os trabalhos escolares produzidos pelos estudantes (fotos, áudio ou vídeo) são postados no site do Minha Vida Mobile, gratuito e aberto a todos os jovens. Além de disponibilizar o ambiente para a criação de comunidades virtuais de professores e alunos, o projeto oferece prêmios, oficinas práticas (vídeo, foto, áudio, produção de notícia) e palestras.
Atividades com o celular também estarão contempladas na Comunidade Virtual Minha Terra - Aprender a Inovar, no EducaRede. O ambiente, com mais de 7 mil participantes, entre professores e alunos de todo o país, tem como proposta a promoção do letramento digital e do protagonismo juvenil por meio da valorização da diversidade cultural e a promoção do desenvolvimento sustentável do planeta. Para isso, os participantes montam equipes de reportagem e escolhem temas e pautas a serem desenvolvidos e publicados na página virtual do Minha Terra. O projeto vem inovando na utilização de diversos recursos da Internet, como o Twitter e ferramentas da web 2.0, e programou para o 2o semestre ações com o telefone móvel de forma integrada às temáticas propostas pelo projeto.
O celular também pode ser usado para capacitar jovens e aumentar as possibilidades de inserção no mercado de trabalho e na produção cultural das cidades. Um exemplo é o Na Mídia do Possível, um projeto do coletivo Mameluco Transfer, que tem por objetivo criar e produzir material audiovisual, como vídeos para Web, TV e cinema, além de produção musical, sempre com tecnologia barata e acessível. Valter Nu, professor de Semiótica no Senac-SP, roteirista, diretor de imagens e idealizador da ação, explica: "o projeto surgiu durante uma oficina na periferia de São Paulo. Percebi que a preocupação estava focada essencialmente no uso dos equipamentos. Depois que os oficineiros deixavam o local com as máquinas, sobravam pessoas com muitas propostas, mas sem condições de produzir nada". Desde então, as oficinas passaram a ser ministradas com a proposta de utilização de equipamentos baratos e edição de imagens em softwares simples e gratuitos. Além de usar máquinas fotográficas, webcam e palm top, os jovens também utilizam o telefone celular para gravar as imagens e participam de todas as etapas do trabalho, desde a captação em vídeo até a edição final. Assista a uma das produções, com o título "Deletado ou Excluído", que conta a história de Fernando, um garoto que sonhava em entrar na televisão para sentir como era a vida dentro do aparelho.